Quem é o responsável pela morte dos Garotos do Ninho?

Hoje completa cinco anos de impunidade, Justiça e Flamengo devem resposta às famílias das vítimas do incêndio

Após o trágico incêndio no Ninho do Urubu em 8 de fevereiro de 2019, a rápida classificação da ocorrência como uma “fatalidade” por parte de muitos torcedores e jornalistas foi desafiada. Eufemismos tentaram desviar a responsabilidade do Flamengo pelas 10 vidas de crianças perdidas, retratando o evento como um acaso.

Contudo, no mesmo dia, órgãos públicos revelaram que dirigentes do Flamengo haviam ignorado notificações sobre a irregularidade das instalações, incluindo uma ordem para desativar o alojamento. Trocas de e-mails anexadas ao processo destacaram a ciência prévia do clube sobre problemas na parte elétrica, enfraquecendo a narrativa de um “fogo acidental”.

A força-tarefa da Defensoria e Ministério Público pediu o indiciamento dos responsáveis por homicídio doloso, enquanto a Justiça, com base no inquérito policial, determinou o indiciamento de oito pessoas por homicídio culposo qualificado. No entanto, o processo na Justiça enfrenta atrasos, atribuídos à influência política do Flamengo.

Ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello e o atual, Rodolfo Landim, se eximem da responsabilidade. Ambos afirmam desconhecimento das infrações e problemas estruturais. Landim, presidente à época, alega falta de tempo para abordar questões estruturais após assumir.

O Flamengo gastou cerca de 25 milhões de reais em indenizações, enquanto suas contratações atingiram 800 milhões de reais desde o incêndio. O processo para determinar responsabilidades avança lentamente, gerando frustração nas famílias, que anseiam por justiça em meio à desvalorização da vida dos jovens atletas.

Passados cinco anos, Justiça e Flamengo devem respostas às famílias. A esperança de que suas perdas não sejam esquecidas, de que a história não se repita e de que a impunidade não prevaleça persiste, apesar da luta contra a poderosa máquina do clube.